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3 de nov. de 2010

Do dia: Conto


A ANTIGA AMIZADE

"Alô. Oi, sou eu. Normalmente não gosto de falar com máquinas e deixar recados assim, mas é que hoje, enquanto tentava organizar minha gaveta, aquela em que jogo tudo dentro (contas a pagar, contas pagas, bilhetes, cartas antigas, canhotos de cinema), achei uma foto: eu, o Dé e a Sara. O tempo de começo de vida... Que saudade daquela época em que juntávamos os trocados para comprar um pote de sorvete e sentarmos na grama do parque, esperando a tarde ir embora... Hoje não temos tempo para perder o tempo. Nossa vida virou uma correria, uma luta diária para dar jeito em tantas responsabilidades. Mas tenho um orgulho, uma felicidade, uma alegria dentro de mim por saber que soubemos aproveitar cada pedacinho de nossas vidas; você foi uma grande companheira, uma parceira pra toda hora. Não estava na foto, porque era a alma generosa que guardava nossos lugares na fila, que carregava nossos casacos na sua grande bolsa xadrez (lembra?), que ajeitava todo mundo numa pose de fazer brotar lágrimas nos olhos antes de bater a foto. Você é a melhor pessoa que já esteve em minha vida. Quando puder, por favor, me liga; preciso muito te ver. Um beijo, tchau!”
Piiiiiiii!"
Professor Pasquale


E foi assim que eu, Eduardo relembrei daquelas belas tardes ensolaradas, ao qual eram muito harmonizadas juntamente com seus amigos Sara e Dedé.
Agora, agora um homem, com uma família, formado e de sucesso, nunca mais tinha visto aquelas fotos, pois, depois que terminei o ensino médio pensou logo que conheci minha amada Mônica, não foi a mesma coisa com meus antigos amigos, eu tinha que passar em uma faculdade, isso, graças a Mônica que me ensinou tudo sobre a Terra, Ar, Fogo, Céu...e muitas outras coisas.
Enfim, cada um seguiu a sua vida, Sara que se casou com Pedro(o menino que jogava bola com Dedé), Dedé se casou com Mariana, (seu eterno amor destes tempos de escola), e eu, Eduardo? o que fiz da minha vida?
Lembrei da primeira vez que encontrei Mônica, seu jeito doce de ser, a vida sempre girava em torno do seu mundinho, adorável Mônica, eu ainda a amo, depois destes tantos anos!
Nunca vou me esquecer do jeito que a conheci a Mônica, nos encontramos sem querer e conversamos, depois fomos a uma festa esquisita e trocamos nossos telefones e continuamos nos encontrando, cada vez mais e mais, viajamos, nos conhecemos melhor a cada curso de teatro, pintura, entre outros, depois ela se formou em Medicina e eu passei no vestibular, acho que sempre nos completamos, especialmente, nos amamos, e por isso nos casamos e formamos uma família.
Mônica, eu diria a deusa da minha vida, com ela eu aprendi a amar, ser amado e respeitar isso, admiro cada suspiro que ela da, pois deu a vida aos nossos lindos filhos, gêmeos: Victor Hugo e Luíza, lindos como a lua em dia de primavera!
Esta ligação verdadeiramente mexeu muito comigo, depois de olhar aquela linda foto chorei e ri muito, lembrando de todas estas belas histórias de nossas vidas, não sei porque eu liguei, mas sei que foi muito importante, pois hoje, é aniversário de nossos filhos e de Dedé, meu melhor amigo no tempo de escola, todos foram essenciais para mim, se hoje me considero um homem feliz e realizado é porque todas as pessoas que passaram em minha vida foram muito mais do que necessárias para a formação do meu caráter e por isso quero que Victor e Luíza, meus filhos sejam exemplos de vida assim como Dedé e Sara.
Já tenho 39 anos, me formei, casei com a mulher que eu amo, tive dois filhos maravilhosos, mas ainda quero fazer uma coisa nesta vida: reatar minhas amizades antigas, muito importantes para mim.
Uma semana passou e só hoje, segunda feira deste frio mês de Julho, tive a coragem de tentar falar diretamente com Dedé, Mônica chegou e perguntou o que estava acontrecendo, o porque que eu estava tão nervoso, eu respondi que iria tomar uma desisão muito importante naquele instante, peguei o telefone..abri a gaveta, peguei a foto na mão, olhei, virei a foto e ali estava o telefone.. Pensei:
“será que ele ainda tem este telefone?”, olhei para Victor... Digitei o número: 81063529.
“Chamou, chamou, chamou..caiu na caixa de André da Silveira Marques, por favor deixe seu recado, apenas disse:
- “Por favor, se ouvir esta mensagem me ligue, dei o meu celular e mandei um abraço bem forte.”
Passou vinte minutos e meu telefone toca, aquele som perturbador, pensando se era o meu antigo amigo Dedé...Atendi, um número desconhecido.E ouvi:
- Alô, você me ligou?
Eu respondi rindo:
- Sim eu te liguei, você é o Dedé?
A voz do outro lado da linha se calou..perguntei:
- Ainda lembra de mim?
André chorando respondeu:
- É você mesmo Eduardo? Porque depois de tantos anos?
- Você ainda quer falar comigo? – perguntei.
- Claro, onde você está? – Dedé me perguntou rindo.
- Estou na minha casa, em São Paulo. Será que posso lhe encontrar?- falei.
- Me encontre no salão de festas da escola, pode ser? Quero lhe mostrar uma coisa.
- Estou indo para lá, agora! – respondi feliz da vida.
Estacionei meu carro na frente da escola São Valentin, esperei mais ou menos duas horas, nada de André da Silveira aparecer.
Esperei mais quinze minutos e quando ia ligar a chave do carro para voltar para casa, um táxi estaciona ao meu lado.Dali desce um homem com uma barba, estranho, com um colete de motoqeuiro e um tênis de roqueiro, pensei, será que o Dedé se transformou nisso?...Acho que não, ele era todo certinho!
Espero mais uns minutos, e quando olho, chega um carro lindo, o novo Astra, um homem de terno bem sucedido, e com uma ótima forma, pensei este deve ser o Dedé, ou não?
Não era, era o diretor da escola, olhei para os dois lados, nada, olhei novamente, estranho, um homem sentado no cordão da calçada, humilde, calça jeans e um all star preto, com um moleton preto e um boné também preto.
Enfim, não sabia mais quem era o meu melhor amigo, mas pensei, eu sei quem sou eu ?
Ou ele que sabe?Desci do carro, e me escorei naquela parede completamente pichada da escola, chamei o homem, e perguntei:
- Você conhece o André da Silveira?
O homem não respondeu nada, me olhou e perguntou:
- Você conhece o Eduardo Pasini ?
Eu fiquei pasmo com aquela situação, não conhecia o meu amigo, e nem ele me conhecia, uma situação nada agradável confesso, diante desta, disse:
- Obrigado, se você o encontrar diga-o que eu ainda o considero meu melhor amigo depois destes anos longos!
Entrei no carro desatando em um profundo choro. O homem que intrigava ser Dedé, bateu no vidro e falou, eu falou:
- Eu acho que ainda conheço este coração.
Olhei para ele, abri a porta do carro e ele se sentou, não falamos nada apenas nos olhamos e rimos da grande e engraçada cena.
Abraçamos-nos e reatamos nossa antiga amizade diante de nossas vidas e famílias!

Julia Trombni


PS: Este conto, introduzido pelo Professor Pasquale e finalizado por mim, foi feito juntamente com seis contos, confeccionados pelas turmas de oitava série do Colégio Medianeira, no Portal Educacional, assim os alunos desenvolveram a arte da escrita através de introduções feitas apartir de músicas pelo Professor Pasquale.
O conto acima, se refere à música "Eduardo e Mônica" - Legião Urbana.
Apartir dos contos feitos durante o ano, os alunos receberão um livro, que será lançado na Feira do Livro da nossa cidade. Uma experiência bem interessante.

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